Quando estamos na escola, é muito comum que, nos trabalhos em grupo, apenas um realmente faça todo o esforço e os demais assinem o nome ao entregar a tarefa ao professor. Isso se estende até a faculdade. Somente na fase dos TCCs é que se impõe uma participação mais justa de cada um, pelo menos, na apresentação.
Além de comum, esse fenômeno é facilmente explicável: em sua maioria, as crianças na escola e os adolescentes na faculdade obviamente ainda não desenvolveram por completo o senso de responsabilidade. Devemos também acrescentar que, atualmente, muitos professores exercem dois extremos de poder: o excessivo e o escasso.
Acima de tudo, a escola é a chance que o indivíduo tem para desenvolver suas habilidades sociais e futuramente profissionais. Pelo menos, teoricamente.
A questão reside entre o desempenho e o comportamento de uma equipe e a maneira como a pessoa que tem a função de liderar essa equipe tem claros os objetivos a serem atingidos e tudo aquilo que é necessário para atingi-los. Desde professores, treinadores de equipes desportivas e chefes de Estado até a estrutura do ambiente corporativo.
Os integrantes de qualquer equipe, time ou grupo devem ter em mente que os interesses individuais são secundários com relação aos interesses do coletivo. Os objetivos são diferentes, e, por isso, a forma de atuar e trabalhar também o é. Segundo Freud, esse é um fato que ocorre naturalmente. Em Psicologia de grupos e a análise do Eu, ele afirma que, quando fazemos parte da coletividade, abrimos mão de um ego individual para compartilharmos com os demais aquilo que o grupo almeja, e quando essa “naturalidade” não acontece, os resultados aos quais a equipe queira chegar ficam severamente prejudicados. Posso pensar em explicar esse fato como narcisismo típico dos imaturos – como no exemplo dos trabalhos escolares. Quando frustradas, as pessoas imaturas choram, agridem, se desequilibram emocionalmente com muita facilidade.
Daniel Goleman, em seu livro Primal leadership, explica como se desenvolve o líder moderno. Antes de mais nada, fazer uso somente daquele estilo de liderança com que se nasceu não dá mais resultado, se é que um dia deu. Cada ser humano é único e, além de sentir necessidade de se agrupar, também precisa de alguém que o lidere.
Inicialmente, o líder deve se autoconhecer para identificar seu estilo preponderante e, a partir do momento em que o líder se torna mais versátil, ele se permite conhecer cada integrante de sua equipe, em um processo de enxergar com muita clareza os pontos fortes e fracos de cada um e como agir com cada um para manter a equipe coesa e equilibrada. Assim, todos criam um foco na mesma direção, isto é, o objetivo a ser atingido.
Traçando um paralelo em relação à derrota da Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014, em que os detalhes não precisam ser exaltados, o líder desse grupo se mostrou falho desde o início. A conquista da taça que era algo tão aguardado e o hexacampeonato pela população brasileira estava fundamentado em cima de apenas um pilar chamado Neymar Jr, que quando falhou todo o grupo despencou. No momento de crise onde atletas precisaram se superar, a liderança mostrou sua fragilidade, até então escondida nas medíocres vitórias.
O líder ainda não amansou, mas nos resta agora “engolir” essa derrota e ver de espectadores, que sempre fomos, a derradeira desse líder que ainda busca explicações.
*Gino Cammarota, advogado, atuou nas áreas de marketing, trade marketing, vendas, promoções, feiras, eventos e treinamentos, e é diretor de Marketing da Associação Nacional dos Gestores de Talentos Humanos.