Os reflexos da grave crise econômica que assola o País desde o ano passado têm impactado o setor assistencial privado de forma significativa.
Com o desemprego se acentuando a cada mês, os planos de saúde empresariais coletivos seguem perdendo usuários. Mais de 1,3 milhão de brasileiros deixaram de ter planos de assistência médica entre março do ano passado e março deste ano, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), sendo 617 mil somente no primeiro trimestre deste ano.
O fechamento de vagas formais aumenta a necessidade de maiores investimentos na saúde pública, já que a demanda pelos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) tende a aumentar ainda mais nos próximos meses.
Quem perdeu o emprego e seu plano de saúde – que muitas vezes era pago integralmente pela empresa – deverá recorrer ao SUS, ou até mesmo às novas clínicas populares privadas que têm aproveitado a oportunidade para crescer.
A grande celeuma, porém, é que muitos prestadores estão “abandonando, ou sendo abandonados pelo SUS”, segundo o presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul .
“O SUS infelizmente remunera muito mal os prestadores privados, como hospitais, clínicas e laboratórios de análises clínicas. Estamos negociando uma suplementação da Tabela SUS junto ao secretário estadual da saúde João Gabbardo, já que os valores da tabela são extremamente defasados. O grande problema é encontrar uma solução para a falta de verbas do governo estadual, que igualmente passa por grave crise. Neste impasse, muitos hospitais, clínicas e laboratórios de análises clínicas estão sendo obrigados a deixar de manter convênios com o SUS, gerando desassistência para uma parcela da população extremamente fragilizada pela falta de emprego, e agora, com menos opções de serviços de saúde. A verdade é que muitos destes prestadores estão pagando para atender os pacientes do SUS, e acumulam perdas mensais insustentáveis. O caos na saúde pública, que já é visível atualmente, tende a piorar nos próximos meses”, alerta o presidente da Fehosul.
Ainda, segundo Allgayer, o próprio setor da saúde sente com o fechamento de vagas. “Como muitos dos prestadores estão em situação falimentar, tanto em função da diminuição de clientes oriundos da saúde suplementar como pela defasada Tabela SUS, aumentamos nos últimos meses, de forma considerável, o auxílio aos nossos prestadores para negociações com os sindicatos dos trabalhadores, referente às demissões”, disse Allgayer.
Números da Saúde Suplementar
Uma nova ferramenta interativa lançada no dia 2 pela ANS, possibilita o acesso a informações relacionadas à saúde suplementar. O Sala de Situação mostra que em março a saúde suplementar apresentou 48.824.150 beneficiários em planos de assistência médica e 21.685.783 em planos exclusivamente odontológicos (70.509.933 no total). No trimestre anterior, havia 49.441.541 beneficiários em planos de assistência médica e 21.960.128 em planos de assistência odontológica. Em março, o setor tinha 1.320 operadoras com registro ativo, sendo 1.125 com beneficiários. Em 2015, os planos de saúde médicohospitalares perderam 766 mil usuários em 2015, uma diminuição de 1,5%.
No Rio Grande do Sul, existem 3.332.376 beneficiários entre planos de assistência médica (2.693.167) e exclusivamente odontológicos (639.209) – sem contar as mais de um milhão de vidas afiliadas ao IpeSaúde (Ipergs). Em um ano, 33.278 pessoas perderam assistência na saúde suplementar no RS (entre assistência médica e odontológica).
Fonte: Setor Saúde