Por Beth Koike | De São Paulo
Poucas semanas após a aprovação da lei que permite capital estrangeiro em hospitais nacionais, investidores intensificam a busca pelos ativos deste setor, que ainda é bastante pulverizado. No país, há 2,6 mil hospitais privados com fins lucrativos que podem ser alvo de aquisições e fusões. “Mas a consolidação deve ser liderada por um grupo de cerca de 150 hospitais que contarão com aporte de investidores”, diz Francisco Balestrin, presidente da Anahp, associação que reúne os maiores hospitais do país.
Um dos ativos mais cobiçados é a Rede D’Or, grupo que conta com quase 30 hospitais e tem faturamento de cerca de R$ 5,5 bilhões. Não à toa, fundos e bancos de investimento estão analisando os números desse grupo sediado no Rio de Janeiro.
Entre eles, está a gestora americana de private equity Carlyle que costuma adquirir participações relevantes em suas aquisições. Mas, no caso da Rede D’Or, o Valor apurou que a venda do controle é totalmente descartada pelo seu fundador, o médico Jorge Moll. Ele e a família ainda estão analisando se vendem ou não uma fatia minoritária. O BTG detém, desde 2010, uma participação de 24%, via debêntures, da Rede D’Or.
Fundos de investimento que, nos últimos anos, analisaram as operadoras de planos de saúde e as empresas de medicina diagnóstica (segmentos que já não tinham restrições ao capital estrangeiro) são potenciais compradores de hospitais uma vez que já conhecem o setor de saúde. Entre eles, estão por exemplo, Gávea, KKR, Carlyle, Pátria, Advent, Goldman Sachs, além do fundo soberano de Abu Dhabi, entre outros.
Consultorias como KPMG, A.T. Kearney e MTS Health Partners já foram procuradas por investidores. Na KPMG, quatro fundos de private equity informaram ter interesse em comprar hospitais no Brasil. A A.T. Kearney já recebeu fundos e grupos de saúde estrangeiros em busca de informação. E a consultoria especializada em saúde MTS Health Partners, que está abrindo um escritório no Brasil, foi procurada por hospitais brasileiros interessados em conhecer investidores de outros países.
Nesse cenário de crescente interesse, estima-se que os preços a serem pagos por uma operação no Brasil – que hoje variam de oito a dez vezes o lucro operacional do hospital – pode aumentar para 12 vezes. As duas últimas transações do setor aconteceram no mês passado e foram lideradas pela Rede D’Or, que pagou cerca de R$ 700 milhões pelos hospitais Villa-Lobos e Sino-Brasileiro, ambos em São Paulo, segundo fontes do setor.
Outro grupo que deve movimentar o setor é a Impar, do empresário Edson Bueno, que conta com oito hospitais e fatura R$ 1,5 bilhão. Bueno é conhecido por ser agressivo em suas investidas.
Fonte: Valor Econômico